De Oldboy a super-heróis: os quadrinhos que viraram filmes
Os quadrinhos, como o próprio nome indica, são um conjunto e uma sequência.
O que faz do bloco de imagens uma série é o fato de que cada quadro ganha sentido depois de visto o anterior. Existem cortes de tempo e espaço, mas estão ligados a uma rede de ações lógicas e coerentes.
A mesma preocupação em simular a sensação de movimento por meio da representação cabe ao cinema, que, no entanto, tem outras ferramentas para trabalhar o imaginário do espectador e resolver a questão da organização na narrativa.
Nas HQs, cabe ao leitor a tarefa de completar o espaço em branco que separam os quadros, imaginando, por exemplo, que a partir do desenho do herói saltando de um prédio e da próxima figura, na qual persegue um bandido, seja possível concluir os movimentos de aterrissar no solo, avistar o malfeitor e, aí sim, iniciar a corrida.
Já no cinema, tal participação criativa do espectador é minimizada pelo fato de que a retratação dos movimentos pode ser realizada de maneira completa, seja em um plano sequência ou com recortes que coloquem em evidência um início, meio e fim bem definidos para o entendimento da ação.
Um formato complementa o outro e gerou adaptações icônicas. Estas são algumas delas:
Oldboy (2003)
Oldboy é adaptado do mangá homônimo, publicado de 1996 a 1998 no Japão.
Existem duas adaptações: uma norte-americana, lançada em 2013 - um fiasco entre o público e a crítica - e uma sul-coreana, de 2003, consagrada como um dos melhores filmes de todos os tempos, sempre presente nas listas de cinéfilos mundo afora.
A versão sul-coreana foi dirigida por Park Chan-wook e integra sua “Trilogia da Vingança”, que foca na preparação do corpo e da mente para reivindicar, por meio de muita violência, algo sagrado que foi tomado de seus protagonistas: sua integridade.
Hellboy (2004)
O icônico diabo vermelho de chifres serrados ganhou, em 2004, uma adaptação pelo olhar minucioso de Guillermo del Toro, que escreveu o filme ao lado de Peter Briggs.
O resultado é uma das melhores jornadas do herói do Cinema, valorizada pela atuação excepcional de Ron Perlman e pelo trabalho detalhista do design de produção.
O filme também ganhou duas continuações que, ainda que eficientes, não chegam aos pés do original.
V De Vingança (2005)
Adaptado da HQ de Alan Moore e David Lloyd, o filme precisou adaptar diversos aspectos da trama original para caber em um longa-metragem único, mas nem por isso deixou a desejar.
O sucesso da obra não foi surpresa, já que foi roteirizada pelas Irmãs Wachowski e dirigida por James McTeigue.
Sin City - A Cidade Do Pecado (2005)
“Sin City - A Cidade do Pecado” (2005) é um dos únicos filmes que realmente chegam perto da HQ original.O filme foi co-dirigido pelo criador da série, Frank Miller, e é fiel ao primeiro, terceiro e quarto volumes da série.
Aliás, quase todas as cenas do filme são diretamente baseadas nas HQs, que funcionam quase como substituição do roteiro e storyboard para o longa.
Persépolis (2007)
Persépolis (2007) retrata de forma magnífica a perseguição da guerra do Irã. Em meio a um ambiente perigoso e com muita discriminação contra mulheres, Marjane se descobre e descobre seu amor pela música punk. É uma adaptação da graphic novel de mesmo nome, publicada pela diretora do longa, Marjane Satrapi.
O objetivo da obra - em ambos os formatos - é denunciar a repressão praticada pelo regime autoritário do Irã, bem como registrar sua história pessoal.
O filme explora o uso dos traços do quadrinho e da variação de cores - trazendo cenas ora em preto e branco, ora coloridas, para realçar as diferentes nuances da trajetória de sua protagonista.
DC - Cavaleiro das Trevas (2008)
Batman: Cavaleiro das Trevas (2008) foca em desconstruir seu herói por meio da figura de seu antagonista - o Coringa - inovando por trazer um tom mais sombrio e introspectivo, sem perder os elementos clássicos dos filmes de super-heróis, com bastante ação e momentos de tirar o fôlego.
Além disso, o filme traz referências diretas dos quadrinhos, como Batman #1 e A Piada Mortal.
Os quadrinhos, à princípio, eram um formato estático, impresso. A caricatura do gênero começou a ganhar vida e movimentos com as animações.
Azul É A Cor Mais Quente (2013)
As mudanças no título (que ficou La Vie d’Adèle, em francês) e no nome da protagonista do filme tentam deixar claro que a obra de Abdellatif Kechiche (2013) é uma adaptação livre do romance gráfico de Julie Maroh, Azul É A Cor Mais Quente.
Cercado de controvérsias, o longa se apoia na exploração e na diluição da cor azul para construir a trajetória emocional de Adèle ao longo de sua relação com Emma. Porém, se os quadrinhos se beneficiam do olhar feminino de sua autora, o filme foi acusado de ser “fetichista”, especialmente após as polêmicas em torno das gravações das cenas de sexo protagonizadas pelas jovens atrizes principais.
Marvel - Saga do Infinito (2008-2019)
O MCU fez algo sem precedentes: adaptou toda uma saga para o cinema. Foram mais de 10 anos que desaguaram em Vingadores - Ultimato (2019), o ato final da Saga do Infinito.
A trama é baseada em mais de uma história em quadrinhos da Marvel Comics.
Elas fazem parte da Trilogia do Infinito, publicadas no começo dos anos 90, composta por Thanos - Em Busca de Poder, Desafio Infinito e Guerra Infinita. Cruzada Infinita às vezes é incluída na saga, dependendo da publicação.
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